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No dia em que o ídolo completa 39 anos, saiba mais sobre as primeiras temporadas da carreira de D’Alessandro

Hoje, o Inter está em festa. É dia de uma divindade colorada, amada por tudo que construiu com nossa camisa, dona de posto no mais prestigiado degrau do panteão alvirrubro. Nesta quarta-feira (15/04), completa 39 anos Andrés Nicolás D’Alessandro. Um jogador que torce, e um torcedor que joga. Craque nas duas funções. Passional como todo apaixonado pelo Clube do Povo, genial como apenas sua ‘boba’ canhota permite ser.

Unanimemente consagrado pela Maior e Melhor Torcida do Rio Grande como um dos maiores da mais do que centenária biografia do Internacional, pela primeira vez em sua vida D’Alessandro soma mais anos como atleta profissional do que em qualquer outra etapa de sua história. Das 39 primaveras que ostenta, 20 foram respiradas como jogador. As outras 19, verdade seja dita, também tiveram a bola como protagonista, afinal, ‘El Cabezón’ sempre foi um apaixonado pelo esporte. Dificilmente, contudo, possa ter imaginado, na infância ou adolescência, que sua contribuição para o futebol chegaria na proporção da atualidade. D’Ale exibe currículo raro, vitorioso desde sua alvorada, que também merece grande reconhecimento. Saiba mais sobre os primeiros anos de carreira de Andrés Nicolás D’Alessandro!


Os primeiros anos como profissional

Foi no River Plate que D’Alessandro surgiu para o futebol. Sua estreia aconteceu em 28 de maio de 2000, aos 19 anos, durante partida dos Millonarios contra o Unión Santa Fé. À época, a equipe, treinada por Américo Rubén Gallego, passava por uma transformação após as saídas de atletas importantes como Sorín e Astrada, e do antigo técnico, Ramón Díaz. A reformulação deu espaço para jovens, como D’Ale, e foi consagrada com o título do Clausura argentino de 2000.

Na temporada seguinte, a presença de D’Alessandro nos gramados argentinos se tornou cada vez mais frequente, em especial a partir do segundo semestre, com a disputa do Apertura, quando Ramón Díaz, campeão da América na casamata millonária em 1996, retornou ao River Plate. Titular absoluto com o novo comandante, o, à época, camisa 11 passou a somar cada vez mais assistências, marcou seus primeiros gols, o inaugural anotado contra o Estudiantes, e conquistou de vez o encanto dos hermanos com a genialidade de seu La Boba. Insinuante, não tardou a ocupar posição de destaque no time Millonario, que encerrou o torneio na segunda colocação, a apenas um ponto do campeão Racing.

Frustrante, o resultado serviu de motivação no Clausura, campeonato que abriu o ano de 2002 e foi vencido pelos alvirrubros com o protagonismo de ‘El Cabezón’. A partida que garantiu o título, inclusive, serve como prova irrefutável da magnificência das exibições de D’Ale. Disputada contra o Argentinos Jrs. e encerrada com vitória, de virada, por 5 a 1, a jornada, penúltima do certame, teve três de seus cinco tentos construídos pela perna canhota do atual craque colorado. A consequência de tanto brilho? A camisa 10, envergada a partir do Apertura seguinte, encerrado na terceira colocação.

O primeiro semestre de 2003 foi, também, o último de D’Alessandro no River Plate. Cobiçado por gigantes europeus, o ídolo aumentava o interesse de equipes do velho continente a cada quarta ou domingo de exibição, fosse em partidas do Clausura ou disputando a Libertadores. No torneio continental, inclusive, marcou seus quatro primeiro gols. Influente no elenco, D’Ale ainda começou a dar as primeiras mostras do líder que se tornaria, usando a faixa de capitão em algumas partidas. Sua aptidão para perturbar torcidas rivais foi igualmente ampliada, ao fazer de vítima a Bombonera, templo que silenciou com uma de suas tantas obras primas. Assim, sob a batuta de Manuel Pellegrini, encerrou o ano eliminado nas quartas da América, e campeão da Argentina. Com mais esta faixa, despontava pronto para ir à Europa.


Brilho na seleção

A primeira grande taça conquistada por D’Ale com as cores de seu país foi o Mundial Sub-20, vencido em 2001. Jogando em casa, os hermanos estiveram arrasadores no certame, graças à extremamente promissora geração de nomes como Javier Saviola, Maxi Rodríguez, Leonardo Ponzio e, é claro, ‘El Cabezón’, que teve o alto nível de suas exibições recompensado com o prêmio de segundo melhor jogador do torneio.

Logo na estreia, nossos vizinhos justificaram o favoritismo que lhes vinha sendo dado com uma vitória tranquila sobre a Finlândia, por 2 a 0, construída a partir dos golaços de Maxi Rodríguez e D’Alessandro. Aos 20 anos de idade, o meio-campista do River Plate balançou as redes após receber grande passe de Saviola, na entrada da área, pela esquerda, e soltar bomba indefensável. No torneio, D’Ale usou a camisa 15, mesmo número que empunharia durante sua primeira temporada no Clube do Povo.

Os hermanos encerraram a fase de grupos com duas goleadas. Na segunda partida, contra o Egito, o escore foi fechado com um sonoro 7 a 1, sucedido por massacre sobre os jamaicanos, desta vez por 5 a 1. Contra os caribenhos, D’Alessandro deu show, oferecendo assistência milimétrica para o primeiro gol, sofrendo o pênalti do quinto e, ainda, criando as jogadas dos segundo e terceiro tentos.

Nas oitavas de final, contra a China, a vaga foi conquistada através de sofrido triunfo por 2 a 1, com o gol da vitória saindo apenas a dez minutos do fim. Já nas quartas, diante da França, outra equipe tida como favorita, o placar de 3 a 1 transpareceu falsa tranquilidade, uma vez que até os 37 da segunda etapa a vantagem hermana seguia mínima. Foi somente a partir das semifinais que a campanha deixou de ser dramática, análoga a um tango, para se tornar leve e festiva como uma Cumbia – comandada pelo ritmo da canhota de D’Alessandro.

Nas semifinais, ‘El Cabezón’ esteve sublime. Participou da jogada do primeiro gol, repetiu o protagonismo no segundo tento, anotou o quarto, um dos mais bonitos da história das Copas, e ainda deu início ao lance do quinto, desfilando seu tradicional ‘La Boba’. Despachado o Paraguai, através de triunfo por 5 a 0, era chegada a grande final, a ser disputada contra a seleção de Gana, que nas semifinais eliminara o Brasil.

Realizada no dia 8 de junho de 2001, a decisão foi acompanhada por mais de 30 mil pessoas, que lotaram as arquibancadas do estádio José Amalfitani incendiando a equipe da casa e intimidando os adversários africanos. Ofensiva desde o primeiro minuto, a Argentina abriu o placar logo aos seis, em cabeceio de Diego Colotto, completando falta que fora sofrida por D’Ale. Menos de dez minutos depois, ‘El Cabezón’ cruzou na medida para Saviola ampliar. Já na etapa final, aos 28, D’Alessandro exibiu visão de jogo que o acompanha até os dias de hoje, deixando Maxi Rodríguez na cara do gol para dar números finais à partida. Argentina 3 a 0, e o tetracampeonato mundial da categoria estava garantido, muito graças à canhota abençoada de seu camisa 15.

Três anos depois de colocar a primeira faixa no peito, o segundo título chegou. Praticamente um mês após o vice da Copa América, a Argentina se sagrou campeã das Olimpíadas de Atenas no dia 28 de agosto de 2004. Os hermanos abriram a fase de grupos com vitória maiúscula, por 6 a 0, sobre a seleção de Sérvia. Titular, D’Alessandro deu assistência para o segundo gol. Na rodada seguinte, contra a Tunísia, novo triunfo, desta vez por 2 a 0, encaminhou a classificação para as eliminatórias, que foi confirmada após 1 a 0 sobre a Áustria, partida que teve ‘El Cabezón’ como goleador solitário.

Nas quartas de final, os comandados de Marcelo Bielsa não deram chance à Costa Rica, vencendo por 4 a 0. Novo passeio nas semis,este diante da seleção italiana e orquestrado por Tévez, D’Alessandro, Lucho González e Mariano González, garantiu aos hermanos triunfo por 3 a 0 sobre a Azzurra. Por fim, na decisão, a Seleção Argentina superou o Paraguai pelo placar mínimo, gol de Tévez.


A transferência para a Alemanha

Somando 22 anos, D’Alesandro foi negociado com o Wolfsburg no segundo semestre de 2003. Chegou aos alemães credenciado pelo recente título do Clausura argentino, e assumiu a titularidade logo de cara. Ao todo, D’Ale passou três temporadas na Alemanha, tendo disputado mais de 70 jogos pelo clube.

Em território germânico, o argentino enfrentou grandes esquadrões, adaptou-se a um estilo de jogo mais truncado e de grande aposta na composição física dos atletas e, ainda, fez história, construindo algumas das melhores campanhas da equipe na elite alemã até então. Individualmente, também incorporou a sua trajetória golaços inesquecíveis, como comprova o compilado abaixo, publica pelo Wolfsburg em suas redes sociais:

Progatonismo na Inglaterra

Após três anos vestindo a camisa alviverde do Wolfsburg, D’Alessandro foi emprestado para o Portsmouth no início de 2006. Brigando para não cair, a equipe britânica tratou de encorpar o elenco para a disputa do segundo turno da Premier League, e percebeu na canhota do argentino recurso capaz de afastar qualquer fantasma do descenso. O casamento deu certo e, presente em quase todas as partidas da reta final do torneio – em muitas vestindo a camisa 4, acredite se quiser -, D’Ale foi fundamental para a permanência do ‘Pompey’ na elite inglesa, feito alcançado com uma rodada de antecedência, fora de casa.

Na Inglaterra, D’Ale seguiu internacionalizando a La Boba, drible capaz, inclusive, de ajudá-lo a marcar uma pintura contra o Charlton, equipe que contava com o zagueiro uruguaio Gonzalo Sorondo. Também na terra da rainha, Andrés atestou sua qualidade diante de grandes adversários, como o Arsenal, de Henry e companhia, que por culpa de uma assistência de El Cabezón cedeu empate prejudicial na corrida pelo título, conquistado pelo Chelsea.

Hermanos espanhóis

Destacadas, suas atenções despertaram o interesse do Zaragoza. Formando um grande elenco, os espanhóis apostaram em valores argentinos para fazer bonito na La Liga de 2006. Desta forma, ao lado de D’Ale, que atuou em 36 das 38 rodadas do torneio, estiveram nomes como Diego e Gabriel Milito, Pablo Aimar, Leonardo Ponzio e Roberto Ayala, todos fundamentais na construção de histórica campanha, encerrada com a sexta colocação na tabela e vaga na Copa da Uefa. Apoteótico, o maestro, que voltava a vestir a 10, foi então comprado pelos espanhóis, onde passaria mais uma temporada.

Individualmente, pelo time espanhol o craque viveu, ainda em seus primeiros meses, curiosa coincidência com a história colorada. No dia 12 de novembro de 2006, pouco mais de um mês antes de o Clube do Povo enfrentar o Barcelona na decisão do Mundial de Clubes, D’Alessandro duelou contra os catalães em partida da 10ª rodada do Campeonato Nacional. É verdade que o final nada teve de feliz para o Zaragoza, derrotado por 3 a 1 após show de Ronaldinho, mas a equipe chegou a sentir o gosto do triunfo quando, aos 17 minutos, Gabriel Milito inaugurou o escore, após cobrança de escanteio vinda da esquerda. O responsável pela assistência? D’Alessandro, que, com a 10 às costas, oferecia ao destino sugestão de caminho para ser seguido pelo Inter, algumas dezenas de dias depois, em Yokohama.

O retorno à Argentina

Ano em que chegou ao Inter, o 2008 de D’Alessandro esteve marcado, no primeiro semestre, por passagem pelo San Lorenzo, equipe que defendeu na Libertadores. Completando cem anos de história na ocasião, os Cuervos investiram alto na compra de parte do passe de Andrés, esperando colher frutos em data tão especial. Toda a expectativa, verdade seja dita, foi recompensada nas oitavas de final do torneio continental, quando a cria millonaria teve de encarar seu ex-time.

Após vitória por 2 a 1 no jogo de ida, o San Lorenzo se viu, transcorridos 15 minutos da segunda etapa, com dois a menos em campo e derrotado, parcialmente, por 2 a 0. A eliminação parecia inevitável para todos, menos aos visitantes que, embora encarando um Monumental de Núñez lotado e o poderio ofensivo dos Millonários treinados por Diego Simeone e estrelados por Falcão Garcia e Loco Abreu, buscaram o empate. E o fizeram maestrados pela canhota de D’Ale, que serviu Bergessio, autor dos dois tentos, no momento deste anotar o segundo. Na fase seguinte, para a tristeza de Cabezón, uma infeliz eliminação para a futura campeã LDU, nos pênaltis, abreviou o sonho da taça, inédita tanto para craque, quanto instituição.

Mal sabia D’Ale, contudo, que poucos meses depois, ao tomar como morada a mais meridional capital brasileira, começaria a colocar a Améria sob seus pés. De craque e ídolo, o argentino passava a trilhar, a passos largos, roteiro rumo à eternidade alvirrubra. Narrativa, esta, iniciada em 31 de junho de 2008, quando tocou o solo do Salgado Filho e ouviu, no lugar do intenso zunido das turbinas de aeronaves, som ainda mais estrondoso, proferido pela torcida colorada que, a plenos pulmões, alternava do ‘Vamo, Inter!’ ao Dale, D’Alessandro!