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Aos 102 anos, ex-atacante João Crescêncio é a memória viva do Rolo Compressor

Foi em meados de 1937 que João Crescêncio embarcou em um trem em Santa Maria com destino a Porto Alegre. Na época, o jovem de 18 anos se mudou para a capital gaúcha para morar e trabalhar no quartel da Polícia Militar. Amante do esporte desde cedo, Crescêncio dividia o tempo de ofício com o futebol, jogando no time do quartel.


Sempre muito disciplinado, certa vez chamou a atenção dos dirigentes colorados, sendo convidado a fazer um teste no Clube do Povo. Tão logo aprovado, passou a integrar a equipe principal como atacante. João Crescêncio ainda não sabia, mas estava ajudando a escrever um capítulo sublime na história alvirrubra: a formação de uma máquina de vitórias chamada Rolo Compressor.

De 1937 a 1942, Crescêncio dividiu os gramados do Estádio dos Eucaliptos com diversos craques da época, dentre eles Tesourinha e Carlitos, esse último seu melhor amigo. Com a chegada de David Russowski ao time, conhecido como Russinho, logo os companheiros de equipe notaram certa semelhança com João Crescêncio, que passou a ser apelidado de Russo.


O amor pelo Colorado era tão grande que Crescêncio decidiu que podia fazer ainda mais por seu clube do coração. Em 1940 tornou-se sócio-atleta, modalidade de associação em que o jogador contribuía financeiramente com o clube, afim de ajudar no crescimento e desenvolvimento da instituição.


Durante o período em que defendia o Colorado, Crescêncio também se dedicou aos estudos. A vitória fora de campo também veio, quando formou-se em contabilidade.

Em meados de 1942, um novo capítulo na vida de João Crescêncio passou a ser escrito. Após receber uma proposta de trabalho de a Viação Férrea do Rio Grande do Sul, decidiu que era hora de retorna à Santa Maria. Com o futebol correndo pelas veias, Crescêncio não deixou a modalidade de lado e ajudou a fundar Guarany Atlântico Futebol Clube, que perdurou até o fim da década de 1960.

Com o passar dos anos, casou-se, teve filhos, netos e bisnetos, e sempre fez questão de manter os laços com o Clube do Povo, que durante tanto tempo foi sua casa. Presenciou momentos importantes da história colorada, como final do Brasileirão de 1975 quando, acompanhado pelo filho Valmir, assistiu bem de perto Figueroa balançar as redes com o gol que deu o título ao Inter. Já em 2009, foi convidado a fazer parte das comemorações do centenário colorado.


Quem pensa que as vitórias na vida de João Crescêncio pararam por aí, se engana. Em outubro de 2020, após 25 dias internado, aos 101 anos, venceu a Covid-19, não restando nenhuma sequela. Ao receber alta do hospital, foi recebido com aplausos por familiares amigos que aguardavam a pronta recuperação do idoso.

Foto: Gabriel Haesbaert (Diário)


Sempre acompanhando aos jogos do colorado, João Crescêncio guarda objetos e boas recordações da época em que viveu na Capital Gaúcha, todos expostos no corredor da casa onde vive com dois de seus filhos, Valmir e Maria, no centro de Santa Maria, a cerca de 300 quilômetros de Porto Alegre.

Em reconhecimento a toda sua trajetória ligada ao Clube do Povo, o Relacionamento Social do Inter lhe presenteou com uma camisa personalizada com seu nome e idade: